segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Incendiário Urbano

O elevador toca assinalando que Roger Gates chegara ao seu piso.
Roger era um misto de Michael Douglas com um pouco de Michael J. Fox no Family Ties, quem olhasse para ele veria um empresário estereotipizado, com um andar seguro, faces secas, e um cabelo negro com gel, o telémovel mais um anexo do seu corpo.
Podia ser um dia normal para Roger Gates, elemento com futuro na máquina empresarial tinha a vida que todos os jovens da sua idade desejariam. Carro e telémovel da empresa, empréstimos escolares pagos, uma casa numa das ruas mais movimentadas do centro da cidade, bons pais, e uma namorada bonita, poderia-se dizer que Roger Gates tinha tudo.
Mas, no sue âmago faltava algo a Roger Gates, sentia-se como um intruso na sua própria vida, olhando todos os dias sobre o ombro esperando que o desmascarassem, que vissem que aquela vida não era, não podia ser dele.
Caminhando correctamente, entrou no escritório vazio, o céu urbano a espreitar da janela anunciando o cair da noite. Ajeitando os botões de punho da Armani senta-se um pouco no seu cúbiculo.
Era um cúbiculo completamente personalizado. A bandeira dos Giants sobre o ecrã do computador, as fotografias da namorada e dos pais, um pequeno cartaz com uma frase motivadora, o carregador do Ipod e do telémovel sobre a mesa, os arquivos por ordem alfabética a um canto, uma cadeira reclinável, era impressionante o que Roger Gates fazia com algo com dois metros quadrados.
No entanto esta não era uma noite normal. Roger tinha na mão a bola anti-stress com o qual jogava quando se encontrava sobre os efeitos da pressão do seu emprego. Afinal uma vida como a dele tinha os seus custos, estava na altura de liquidar dívidas.
Roger passou calmamente a mão sorbe o tampo da sua mesa, antes de arremessar o monitor do computador pela janela fora, iniciando uma viagem de 150 metros de altura.
A liberdade dos actos, a adrenalina correndo pelas suas veias, uma sensaçãoque nenhum cupão no Dunkin' Donuts podia-se comparar.
O próximo é o teclado voando e penetrando no ecrã da televisão do escritório, onde todos os dias passavam as cotações da bolsa, agora já nem tanto.
E Roger Gates sentia uma lufada de ar fresco a cada dia, incendiava arquivos, partia ratos de computador, rasgava documentos.Estragava o perfeito, a perfeição é um defeito.
É de referir que depois acabou preso. Mas, o que contam são as intenções.


-Sunny Owner

Sem comentários: