quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

O Caso Gertrudes

- Arturo, acordei-te?
O brilhante e conhecido advogado Arturo Alfacinha leva os dedos aos olhos, que horas seriam? Os ponteiros apontam as quatro da manhã, que quer neste momento o seu amigo de copos e cigarros Anselmo?
- Epá velho amigo...! Desculpa acordar-te, acordei? Desculpa-me
- Não seja por isso meu caro, estava acordado...- Abruptamente interrompido.
-Estavas mesmo? - Firmemente repousou a questão.
- Estava, estou, e vou estar.- Teria agora que acabar o que tinha começado, não se poderia dizer que Arturo Alfacinha não cumpria o que dizia.
Ao seu lado uma rapariga loura tirava um cigarro da carteira e acendia-o, Arturo fez sinal com os dedos que a desejava acompanhar.
- Estava aqui a olhar apra uns processo... e saebs pá. Não percebo nada deste caso Gertrudes.
O caso Gertrudes. Mulher de 45 anos presa à uns dias por assédio de menores, ao que parece o marido nunca desconfiara.
- Que tem?
- Não compreendo! O que fez a mulher de tão grave? Ela oferceu doces a meninos na rua, qual é o problema? -Peguntou Anselmo.
Pobre mente retorcida a de Anselmo, ingénuo mas, umbom homem. Não compreendia ele que as crianças não podem ter contacto? Ser amável e feliz não faz parte do programa de educação e as crianças não podem ter contacto com esses sentimentos, explicou Arturo.
- Então porquê?! Na minha altura, a amabilidade entre cidadãos era aconselhada.
Arturo deitou um pouco de conhaque num copo pequeno, a sua companheira apagando o cigarro dele.
- Mas, os tempos mudaram, caro amigo. Não vês que agora as crianças têm que ser cyborgs para não sofrerem, agressivas e competitivas para alcançarem successo na vida e serem explroados pelo capitalismo?
Do outro lado da linha Anselmo reflectiu.
- Pois.. pensando assim, acho que tens razão.
Arturo bateu com a mão na barriga em satisfação, o jantar mostrara-se refastelante.
- Mas, não achas... excessivo?
Excessivo, não havia nada de excessivo nisto, sim as taxas de suícidios, vendas de anti-depressivos, e ataques a liceus aumentavam mas, pelo menos havia menos insuccesso.
- Não.
- Ah ok. Era só isto, desculpa se te acordei Arturo, vemo-nos amanhã.
- Não há problema nenhuma meu caro, sempre ao serviço, até amanhã...boa noite.
Arturo levou um segundo cigarro à boca, e acendeu-o vagarosamente, o mesmo pensamento que lhe corria na cabeça saiu-lhe pela boca:
- Estes tótos liberais pensam todos o mesmo.
E nesse instante de rompante, entrou a polícia de intervenção que atirou Arturo de cara ao chão, fracturando imediatamente a cana nasal e o máxilar inferior. Com o gás pimenta nos olhos, e os tasers a prender os músculos, ouviu de longe, o tenente.
- Está preso, sobre a violação da nova lei anti-tabaco, que expressamente proíbe fumar em casa.
A bela da nova lei anti-tabaco pensou Arturo enquanto o cão de busca lhe revistava a roupa por tabaco.

1 comentário:

Anónimo disse...

Girissimo ....mesmo mt giro xD